Formigas sobreviverão ao fim da humanidade diz cientista
Biólogo suíço foi o primeiro a vincular a sociabilidade desta espécie a um traço genético. Monsieur Fourmis (“senhor formiga”, em francês). Esse é o apelido do suíço Laurent Keller, um dos maiores especialistas mundiais nesses insetos.Pesquisador da Universidade de Lausanne. onde dirige o departamento de Biologia Evolutiva.
Foi o primeiro a detectar o caráter genético da sociabilidade das formigas, além de identificar o único caso conhecido até agora de clonagem reprodutiva natural entre machos da espécie Wasmania auropunctata. No fim de semana passado. Keller, que é também presidente da Sociedade Europeia, De Biologia Evolutiva e autor do livro.
O que você pode aprender com as formigas
Olhando do alto, parece uma coisinha inofensiva. Nada de garras assustadoras, chifres ou mandíbulas enormes que outras espécies ostentam. É pequena demais (3 mm) e tem uma picada que causa, no máximo, reação alérgica. Mesmo assim, a formiga argentina é uma das pragas urbanas mais graves do planeta. Para entender, pare de olhar.
No século 19, algumas formigas da margem argentina do rio Paraná pegaram carona em navios e desembarcaram em outros portos mundo afora. Bastou para o estrago estar feito. A formiga argentina não é uma boa vizinha. Pelo contrário, é competitiva e predadora em níveis méssicos (de Messi, o Lionel). Chegam, invadem casas, estressam.
famílias e disputam território com insetos maiores e mais sinistros. Em 2000, pesquisadores encontraram uma supercolônia gigante que ocupa todo o sul da Europa, estendendo-se por 6 mil quilômetros, de Portugal à Grécia (o litoral da Argentina, só para lembrar, tem 4,7 mil quilômetros). São milhões de ninhos diferentes e bilhões de operárias.
“Conheço pelo menos cinco supercolônias, mas provavelmente há outras”, diz Alex Wild, biólogo especializado nas argentinas. O sucesso desses países subterrâneos é a parceria. Enquanto formigueiros comuns travam disputas entre si. Os da supercolônia não competem uns com os outros. É a maior unidade cooperativa do mundo. As supercolônias.
Existem também nos Estados Unidos, no Japão e na Austrália. Por isso, é difícil encontrar uma formiga urbana que não seja a argentina. Cientificamente conhecida como Limepithema humile, em lugares tão distantes como Chile, Portugal e Califórnia. Lá, aliás, as argentinas dizimaram os lagartos-de-chifres, cuja população caiu pela metade.
Depois que as invasoras fizeram sumir do mapa outras formigas que eles comiam. Essas formigas não passam batido. E são versáteis. “Como conseguem criar formigueiros rapidamente em diversos ambientes, as argentinas se estabelecem facilmente em novos lugares”, diz Wild. E, para piorar, são resistentes aos inseticidas comuns.
Porta da esperança
Em 2012, cientistas da Universidade do Estado do Arizona, EUA, desenvolveram oito formigueiros artificiais. Só metade tinha características apropriadas, como iluminação e tamanho ideais. As formigas precisavam escolher um formigueiro, Quando expostas sozinhas ao teste, elas escolheram os ninhos bons 50% das vezes a colônia inteira .
Sem frescura à mesa
Manter uma dieta bem versátil também ajuda. “Elas podem explorar diferentes recursos de um ambiente sem limitação por especialização alimentar”, diz o biólogo Rodrigo Feitosa, da USP. Significa que as formigas não são como os pobres lagartos-de-chifres da Califórnia. Citados no início da reportagem, que morreram quando os bichos comiam.