Insetos Invadem Residências No Verão
É só começar o verão que inicia-se também uma verdadeira invasão de insetos nas residências. São baratas, moscas, mosquitos (inclusive o da dengue), cupins, formigas e outros que, muitas vezes, nem sabemos o nome. A combinação do tempo quente com a umidade gerada pelas chuvas proporciona a reprodução desses animais.
Que, segundo especialistas, podem existir em até 10 milhões de espécies diferentes, embora apenas 10% delas já tenham sido catalogadas.
A empregada doméstica Maria Serafina de Oliveira, 41 anos, está acostumada com o aparecimento de insetos no verão em sua casa, na Vila Nipônica. “Nas outras épocas do ano chegam a entrar alguns.
Mas não dá para comparar a quantidade. Aparecem bichos de todos os tipos. Além dos pernilongos, mosquitos e outros mais conhecidos, tem uns que eu nem faço ideia do que sejam”, conta.Maria explica que, por não saber o que são alguns dos insetos, sente medo de que esses animais possam picar e causar algum tipo de doença.
Especialmente em suas duas filhas. “Eu me preocupo muito com as crianças. Eu sei que tem que combater o mosquito da dengue, que mosca pode trazer doença, mas os outros eu não faço ideia do que possam causar”, lamenta.Além de utilizar inseticidas de tomada, fechar as portas e janelas de casa é a saída encontrada pela empregada doméstica.
Para tentar impedir a entrada dos visitantes indesejados, que costumam aparecer em maior quantidade no começo da noite, entre às 18h e 19h. “Aqui em casa, a gente faz de tudo para que os insetos não entrem, mas parece que eles sempre dão um jeito”, afirma.Segundo Maria, é muito comum encontrar durante a manhã alguns insetos mortos no canto das lâmpadas.
A biologia dos insetos
O biólogo Paulo Aníbal é especialista em entomologia, a ciência que estuda os insetos. Ele afirma que é praticamente impossível eliminá-los do ambiente em que vivemos e, por isso, algumas medidas de proteção são necessárias com o objetivo de diminuir os incômodos e as picadas, que podem causar desde simples reações alérgicas até consequências mais sérias.
“A maioria dos insetos possui hábitos noturnos. Por isso, é importante fechar as portas e janelas das residências no início da noite, além de apagar as luzes, pelas quais muitos deles são atraídos. Outra medida que pode apresentar bons resultados é colocar telas de proteção nas janelas e evitar a exposição de lixo e material orgânico”, afirma Paulo.
O biólogo explica também que os inseticidas e repelentes também podem ajudar. No entanto, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente em relação a crianças e animais domésticos. “Algumas pessoas têm alergia aos repelentes e asmáticos também devem evitá-los. Além disso, o produto não pode ser aplicado nas mãos por conta do constante contato delas.
Quanto aos inseticidas, o consumidor precisa ficar atento ao rótulo do produto, para certificar-se de que ele não fará mal a animais de estimação e a plantas. “Na aplicação do produto, é importante não esquecer das paredes e dos cantos que podem ser utilizados como esconderijo pelos insetos”, aponta Paulo.
Outro problema levantado pelo biólogo é que algumas espécies de insetos não são afetados pelos inseticidas e outras, como as baratas, ficam resistentes a eles. “Uma geração morre, mas a outra pode já desenvolver proteção ao produto”, explica.
Bichinhos’ são ricas fontes de proteína
Em países como a China, os insetos fazem parte do cardápio do dia a dia da população, sendo comercializados até mesmo em feiras livres. “Imagina um país com apenas 10% de terras cultiváveis e população que ultrapassa 1 bilhão de habitantes? Nos tempos antigos, os insetos eram os alimentos mais abundantes e são uma ótima fonte de proteínas”, explica o biólogo Paulo Aníbal.
No entanto, o hábito não se restringe à cultura chinesa. Em algumas regiões do Brasil, é muito comum que pessoas comam a formiga saúva, conhecida como tanajura. O biólogo, porém, lembra que alguns insetos não podem ser ingeridos. “De forma alguma, uma pessoa vai comer uma barata que vive no esgoto. Isso só é possível com as criadas em cativeiro”, afirma.
Insetos do bem
Alguns insetos, como a borboleta, responsáveis pela polinização de árvores frutíferas, são altamente benéficas para o meio ambiente e para o ser humano. Outro exemplo apontado pelo biólogo Paulo Aníbal são alguns insetos e aranhas que aparecem dentro de casa e podem ser predadores de outros animais, como mosquitos e moscas.
“O problema é que a maioria das pessoas não consegue distinguir uma espécie da outra. Por isso, o recomendável é tirar o animal de casa”, explica.No entanto, outros insetos, como baratas e moscas, devem ser sempre combatidos. “As moscas trazem bactérias e protozoários das fezes para os nossos alimentos. Já as baratas vivem nos esgotos.
E se alimentam de todos os tipos de material orgânico. Por isso é importante reforçar o cuidado com alimentos e lixo expostos dentro de casa”, alerta o biólogo. Paulo Aníbal lembra também que é importante não permitir o acúmulo de água em qualquer hipótese, pois os mosquitos transmissores de doenças como a leishmaniose.
R a dengue podem se reproduzir em locais que variam desde caixas d’água destampadas até tampinhas de garrafas pet. Em Bauru, por exemplo, já foram registrados 41 casos confirmados de dengue somente em 2011.
Água sanitária extermina caramujos
Eles não são insetos, mas caramujos africanos são frequentemente encontrados pela população, principalmente em época de chuvas e em ambientes úmidos. Essa espécie não é nativa brasileira, mas foi introduzida ilegalmente há 20 anos no Paraná, na tentativa de promover alternativa econômica ao “badalado” escargot, muito utilizado na culinária sofisticada.
O fracasso na comercialização da espécie levou os criadores a soltarem os animais no ambiente.
Segundo o biólogo Paulo Aníbal, a espécie se multiplicou rapidamente por possuir elevado poder de reprodução. “Esses animais são hermafroditas, o que faz com que todos possam botar até 500 ovos de uma só vez. Além disso, por não serem nativos, não possuem predadores naturais”, afirma.Os caramujos africanos.
Porém, podem transmitir doenças, como a meningite, e devem ser exterminados. “O ideal é que, com a proteção de uma sacola plástica nas mãos, os caramujos sejam colocados em uma bacia com água sanitária”, explica.