Você Sabe o Que São Animais Sinantrópicos?
Animais sinantrópicos. Talvez esse termo lhe seja estranho, mas com certeza você já viu ou convive em casa com um ou vários desses animais, que se adaptaram ao nosso estilo de vida e convivem conosco sem ser desejados. São baratas, ratos, mosquitos, escorpiões, aranhas, formigas, etc.
como São Paulo, que se transformou em moradia para eles. Aqui encontram tudo que precisam para viver e se reproduzir: água, comida e abrigo. O problema é que muitos deles podem transmitir doenças – algumas mortais. Para falar sobre os animais Sinantrópicos, o Portal da SMS entrevistou Gladyston Carlos Vasconcelos, biólogo do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo (CCZ-SP).
O que são os animais sinatrópicos?
São animais que se adaptaram a conviver próximo ao homem, a despeito da vontade dele. São o que muita gente chama de praga urbana, animais que proliferam nas proximidades das casas, das indústrias e do comércio utilizando os recursos que o próprio homem propicia. De certa maneira, às vezes sem perceber, nós os convidamos para morar conosco?
Sim. No passado, todos os animais Sinantrópicos faziam parte de um ecossistema. Com o crescimento das cidades e o ambiente criado pelo homem, muitos desses animais, que antes habitavam locais como florestas, se habituaram a morar nas cidades. Por que eles se adaptaram? Porque o homem lhes ofereceu o que eles precisavam para viver.
Que tipo de doenças esses animais podem causar?
Há várias, mas algumas das principais são a leptospirose, transmitida pelos roedores; a Dengue e a Chikungunya, provocadas pelo mosquito Aedes aegypti. A proliferação de pombos, onde há cúmulo de fezes desses animais, pode causar doenças pulmonares ou ao sistema nervoso central, histoplasmose, criptococose, salmonelose.
Quais são os que mais perturbam a população?
As mais constantes reclamações relacionam-se aos roedores (ratos, camundongos), mosquitos (pernilongo e o mosquito da dengue), pombos, baratas e escorpiões. Estes são os “campeões de reclamações”.
A arquitetura da cidade os ajuda a viver?
Sim. O problema é que, muitas vezes, problemas relacionados à infraestrutura e ao processo de disposição do lixo de forma inadequada acaba propiciando a disseminação desses animais. Ainda temos muitas edificações antigas, com padrões arquitetônicos dos anos 60, com marquises e vãos abertos, propícios a virar abrigos e onde os pombos se proliferam.
O munícipe que, às vezes com boas intenções, alimenta pombos de sua janela, está colaborando para aumentar o problema da proliferação desses animais?Exatamente. Na medida em que eles (pombos) já têm a possibilidade de se abrigar nos prédio, se você oferece alimentos a eles vai provocar um aumento do número desses animais.
Em que época do ano a procriação ocorre?
No caso dos pombos, eles procriam durante todas as estações do ano. Mas, de maneira geral, os animais sinantrópicos têm atividade mais intensa na primavera e no verão, estações do ano onde os dias são mais longos e eles se reproduzem mais. Também é o caso do mosquito da dengue. Sim, o mosquito da dengue se prolifera mais no verão
Os morcegos, embora sejam animais sinantrópicos, não podem ser considerados uma praga que deva ser morta. Eles têm grande importância para o meio ambiente. Os que se alimentam de insetos, ajudam a controlar a proliferação de pernilongos. Outras espécies, como a dos morcegos frugívoros, se alimentam de frutas e espalham sementes.
Para evitar tê-los em casa o que o morador de São Paulo deve fazer?
Deve acabar com qualquer entrada externa da casa (telhados, forros) que permitam que eles transformem em moradia. Mas são várias as medidas para combater a proliferação dos demais animais sinantrópicos. Como já dissemos, esses animais se proliferam mais se damos a eles o que chamamos de “quatro A” (abrigo, acesso, alimento e água).
Na prática, como isso se faz?
Manter alimentos em recipientes fechados, conservar armários, dispensas e outras superfícies sem restos de alimentos, verificar e fazer a manutenção periódica de cantos, frestas, rachaduras de paredes, muros e armários.
E o cuidado reservado ao lixo?
Há várias medidas que podem e devem ser tomadas pela população. O munícipe deve recolher e acondicionar o lixo em ambiente adequado e fechado. Tem de evitar acumular entulho, restos de papelão e madeira, que podem servir de abrigo para diversos animais. É importante manter limpas vasilhas de água e recolher alimentos de animais domésticos
Precolhendo esses recipientes durante a noite, pois eles podem servir de alimentos aos animais Sinantrópicos. Outra medida é limpar periodicamente caixas de inspeção, caixas de gordura e galerias, fazer manutenção de dutos, tampas e junções.
De quanto em quanto tempo isso deve ser feito?
Pelo menos uma vez por ano as pessoas devem limpar as caixas d’água e reservatórios e mantê-los fechados. E há também os animais que entram por baixo das portas. Para esse caso, a parte inferior das portas deve ser vedada. Você se refere àquelas espécies de “rodos de borracha” que se encontram à venda nas feiras ou no supermercado?
Sim. Caso a pessoa não encontre o rodinho, também pode usar aquelas “cobrinhas de areia” que, colocadas ao pé das portas, evitam a entrada de escorpiões ou baratas durante a noite. Para afastar os animais sinantrópicos dentro de casa também é importante limpar a parte posterior de quadros, geladeiras, fogões, armários.
Onde há ralos, por onde de noite podem entrar esses animais, deve haver vedação. No mercado pode ser encontrado o chamado “ralo abre e fecha”, que funciona bem. Também é preciso fazer limpeza úmida, total e com frequência, para manter pisos desengordurados, coifas, fornos estufas.
E na parte externa da residência?
Além dos cuidados com o lixo, que já falamos, as pessoas têm de limpar frequentemente seus jardins, pomares, hortas, vasos de plantas… Assim evitamos o acúmulo de água e a proliferação de mosquitos, tanto o Aedes aegypti , da dengue, quanto o Culex, conhecido como pernilongo.
Qual é a atuação do CCZ no combate aos animais sinantrópicos?
O CCZ atua na cidade de São Paulo por meio das SUVIS (Supervisão de Vigilância e Saúde). Temos hoje no Município de São Paulo 26 SUVIS. Elas são o braço operacional do CCZ. Basicamente, nossa preocupação é com logradouros públicos, onde há alta proliferação de animal sinantrópicos e que representam risco à saúde da comunidade.
